02/10/2007

O mutualismo e a tartaruga

Eu procuro, fuço, olho, mas não vejo saída. Não encontro respostas. Vai ver que elas não existem. Ou vai ver que eu não existo. Será que é tão difícil assim ser feliz? Será que eu complico demais? Tudo bem... eu sei muito bem que a felicidade só existe porque sabemos o que é a tristeza. São duas coisas (não encontro termo melhor para me referir a isso) interdependentes. Queria lembrar da minha aula de biologia no distante Ensino Médio (se preferir, 2° grau, mas não acredito que algum dos meus sete leitores viveu na longínqua era em que o Ensino Médio chamava-se segundo grau) só para usar algum daqueles termos que definiam a relação entre dois animais ou vegetais ou coisa do tipo... Pode ser mutualismo, mas não tenho certeza. Mas assim vivem a felicidade e a tristeza. Uma se alimenta da outra. Um par perfeito.
Existem outros pares como a felicidade/tristeza. O bem e o mal. O bom e o ruim. Los Hermanos e o Axé. Pensem comigo. Se não fosse a música ruim como nos sentiríamos superiores aos seres que andam de abadá na rua.
Quer dizer que para termos a felicidade precisamos conhecer a tristeza? Sei lá! Mas e se ela durar muito? E se ela não acabar nunca? E se eu não encontrar a felicidade? Peraê! Sejamos otimistas. Para entender da tristeza eu devo conhecer a felicidade. Conheço? Vixe! Não é tão fácil lembrar de momentos genuinamente felizes. Mas os de dor... poderia listar uns dez... mil... dez mil. (sempre gostei das hipérboles). Segundo a minha tese, que não deve ser propriamente minha, eu só conheço a tristeza através da felicidade assim como a felicidade através da tristeza. Nossa! Alguém ainda está aqui?
Então se sabemos que somos felizes por conhecer a tristeza, também sei que sou triste por conhecer a felicidade, segundo essa tese-de-cientista-babão. Então eu já fui feliz algum dia!!! Isso mesmo! Iupi! Mas onde está essa felicidade? Permitam-me, adoráveis três leitores, o já consagrado lugar-comum: a memória é seletiva. Puts!
Deveria falar mais sobre isso... sobre como condicionar a memória para preservar (acho que estou trabalhando muito com arquivos) os momentos felizes. Devo explicar-lhes minha concepção dos “momentos”. Hehehe. A felicidade, e consequentemente a tristeza, genuinamente falando, não existem. Existem apenas momentos, que podem ser fodas como podem ser uma merda. Sobram os momentos em que sobrevivemos. Não tenho um termo para definir os momentos de sobrevivência, mas também que se foda. Estou com pressa para acabar isso. Preciso sair. Também não sei se alguma coisa disso tem sentido. Mas também se não tiver e vossa senhoria, único leitor, não gostar tome cuidado. Posso tirar um feitiço do meu chapéu e transformá-lo numa tartaruga, esses seres que vivem muito e se ferram sendo tristes, sozinhos e lerdos.

Texto de 08 de junho de 2007...

2 comentários:

Camila Marques disse...

Só pra constar, meu caro Presto (vulgo "péla"), eu sou da época em que o Ensino Médio era Segundo Grau, e vc bem sabe disso, hehe!
gostei do blog!

m. disse...

Fico feliz do meu blog ser lido por pessoas com idade avançada. Muito obrigado e volte sempre!