24/04/2008

Cinza

Enquanto a memória de Joel é apagada tudo ao seu redor desmorona. A casa de praia em Mountauk (essa aí de baixo)... o carro que cai ao seu lado, a rua que desaparece, os rostos deformados... Tudo virá pó. Aliás, nem pó vira. Não há mais nada depois que o processo acaba.

Sorte de Joel. Pior seria viver dias em que tudo desmorona ao mesmo tempo que os problemas respiratórios se intensificam. Forma-se uma geração doente. Febril. Agora o cenário cinza faz sentido. Perceber isso não é suficiente para eles. Ver a superficialidade das coisas significa não ver a essência do que de fato interessa. Choro por essa geração que não sabe disso.

Interviria se pudesse. Tiraria-os do limo. Não por eles, que não valem meu suor. Mas por mim, que não tenho mais unhas. Talvez eles não percebam o cinza, o limo, a vaca voando... Não percebam os leitões em seus ternos impecáveis.

Meus caros, tenham piedade! Não culpem uma geração que não conhece o amarelo, sangra cinza e respira limo. Talvez estejam certos em fechar os olhos. Pode ser culpa dos meus óculos. Deveria marcar uma nova consulta? Tolice! Médicos não sabem nada disso.

Talvez minhas lágrimas sejam em vão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ei péla,

só pra dizer que passei por aqui e que gostei das novidades!

Beijos!