Brisa ou furacão?

Gosto das mudanças do tempo. No começo, o azul confunde tudo. Já falei disso. Fecho os olhos e quando desperto de mais um dia, tudo está fora do lugar. Enquanto todo mundo prepara a fuga eu me arrumo e aguardo aquilo que pode ser minha salvação. Caminho sozinho entre latarias abandonadas e sonhos desperdiçados. A péssima iluminação pública ajuda a compor o cenário ideal. Como podem reclamar do escuro? No silêncio procuro as respostas para os próximos tropeços, ou não, mas sigo cantando. O vento bagunça ainda mais os cabelos sem corte por um bom tempo. É sublime ver a mudança dos tempos e poder admirar cada detalhe que se anuncia.

A viagem que precisa pode lhe trazer bons frutos, mas precisa aprender a fugir sem sair do lugar.

- Se um vento já lhe tirou a paz... o que fará com tanta neve ao seu redor?

Ignora seu algoz e segue. Precisa aquecer seus batimentos e teme que nunca aconteça. Culpam-o por isso, mas quem pode acusar suas verdades exibidas nos olhos inchados de uma noite sem dormir? Quem pode acusá-lo? Os que abriram o guarda-chuva e correram das mudanças do tempo?

Não encontrou ninguém nas ruas naqueles dias. Era preciso estar por lá. Esteve. Ventou. Molhou e não sabia se era apenas chuva ou lágriamas? Quem se importa? Caminhou por ruas vazias. Todos dormem ou será o destino que teima em separá-lo do casaco laranja?