25/05/2008

Chácara

A cadeira de balanço continua na varanda, posicionada como sempre esteve. Repouso nela e encosto minha cabeça, enquanto fecho os olhos por alguns instantes, ao mesmo tempo em que convido todo o ar ao meu redor para uma visita por território que conheço bem. Não sei dizer quantos dias essa piscadela durou, se é que foram dias. Os movimentos lentos revelam o cansaço dos dias que passaram despercebidos. A cadeira era minha testemunha. Parecia chorar de saudades do tempo em que eu apontava correndo pela porta e me jogava a balançar com a pressa de quem tem muito a fazer na vida. E as tardes eram nossas!

De onde estava pude observar algumas coisas. Não tudo, como um dia considerei ser capaz. Se ao menos tivesse uma cadeira com rodinhas, daquelas que se usa em escritórios... mas não. Esses exemplares com rodinhas podem ter suas vantagens, mas não reproduzem o vai-e-vem das cadeiras de balanço, um movimento que me conforta.

Solto sua mão da minha e deixo-me levar por caminhos conhecidos. Descubro a cada novo passeio traços jamais vistos. Pensei em você quando estive lá. Desenhei o sorriso que daria ao ver aquilo tudo. As lágrimas que possivelmente derramaria molharam as caixas envelhecidas. Apontaria cada um, lhe contaria uma história engraçada e me perderia em seus braços. Podemos sentir o cheiro da chuva quando encontra a terra seca, basta estar aqui.

2 comentários:

aline disse...

certamente um lugar onde a alma repousa...

continuo por aqui! partilhando dos teus passeios!

abraços!

Anônimo disse...

quando a gente visita lugares que não nos pertencem, mas, ao contrário, são donos de nós, é como se não coubéssemos em nenhum outro lugar. O meu tem uma geladeira com mousse de maracujá e cochilo depois do almoço.