22/02/2008

Queijo, carne ou camarão?

Todo dia quando saio de casa passo por uma pastelaria. É o caminho que faço. Poderia ser outro, mas sem motivo algum continuo fazendo esse. Nem penso sobre isso. Talvez esse seja o mais rápido, mas não sei. Na pastelaria sempre tem um chinês (ou será japonês?) e uma chinesa (ou será coreana?). Até então nada de novo, não é?

(Pode ser).

A moça japonesa sempre me chamou muita atenção. Ela é bem bonita, sabe. Aparenta ter uns vinte e poucos anos, o que nos torna mais próximos. Outro dia passei por lá e a ouvi falando com alguém. Era algo mais ou menos assim: taxixitucacá. Txixixuxuxa.

(Xuxa? Será que ela curte o programa da Xuxa?)

A pastelaria é recentemente nova. Provavelmente a indiana (peguei pesado. É chinesa mesmo) deve ser nova nesse hemisfério. Tive uma compaixão por ela e passei a reparar mais pastelaria. Notei que pela manhã a estufa estava cheia, lotada, abarrotada de salgados e... adivinha? Eu sei que falei uma obviedade. Eu sei. Mas todos aqueles salgados... fiquei com uma pena dela. Sem explicação. Pensei comigo: coitada, terá que vender tudo isso hoje! E tudo era um tudo muito completo. Não era um tudo mais ou menos.

Foi então que comecei a reparar na pastelaria quando passava por ela voltando pra casa. E lá não estavam mais os salgadinhos. Coxinhas, kibes, risolis (sim, a pastelaria também vende isso) já haviam sido extintos. A salvos só uma ou outra coxinha murcha.

(Será que os salgados não vendidos voltam pra estufo no dia seguinte? Argh).

Passaram-se uns dias e a moça da pastelaria calçou um sapatinho de cristal e...

Mentira.

Com alguns centímetros a mais no cabelo, pude notar que a moça no fim do dia e após algumas folhas do calendário arrancadas não era a mesma. O abatimento nocateou-a. Será o calor dos trópicos? Provavelmente o calor das frigideiras da gordura quente que doura os adoráveis pasteis.

(Adoráveis pastéis??? Puts!)
(Não, eu nunca comi o pastel de lá. Nem pretendo. Sem motivos especiais).

Tenho medo de um dia ser prisioneiro de uma pastelaria. Tenho medo de já ser prisioneiro. Tenho medo de estar impregnado pela cheiro da gordura e não poder sentir. Não uso Neosoro.

E ela tem vinte e pouco anos, o que deixa tudo com um ar de qualquer coisa pior.

3 comentários:

Anônimo disse...

todos temos medo de acabar em uma ''pastelaria'', mas a vida nao teria a menor graça se houvesse a certeza de acabar la....
a incerteza em relaçao ao futuro é o q nos move no presente.....e faz com q analisemos o passado....

fantastico o seu texto....

Bjao

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Eu queria acabar numa pastelaria. Por motivos óbvios.