Meu rosto está ligeiramente machucado. Isso acontece quando o esfrego no muro chapiscado. Não, isso não é uma modalidade de masoquismo. É apenas uma metáfora bem desgastada. Tão desgastada como a pele do rosto machucado.
Prossigamos.
A ferida tá exposta. Não coloco curativo porque tem que ser assim. Deixá-la respirar, como costumam dizer. Sem remédios. Deixarei cicatrizar naturalmente. Vai levar o tempo que for preciso.
Lá estou eu, vendo o machucado ficar feio e o que faço? Absolutamente nada. Ou melhor, coloco o dedo nele. Gosto do vermelho.
Mas sabe de uma coisa: que se foda todo mundo. Estou disposto a quebrar a minha cara quantas vezes for preciso. Estou vivo para isso.
Hoje os machucados se sobrepõem. E o que resta é o que sou. Ou não. Sei lá. De fato achei esse papo de machucado bem fraquinho, bem clichê. Já me incomodei muito com os clichês. Hoje os considero fantásticos. Quero minha vida repleta de clichês! Que se dane a academia! Quero o senso comum! Quero saber de cada detalhe. Ver cada luz. Sentir cada dor como se fosse a mais forte. Cada alegria como se meu peito fosse explodir. E não será esse machucado, que, pensando bem, nem foi dos piores, me fará perder a ilusão e a ingenuidade em relação ao mundo. Acreditarei em cada sentimento como o mais intenso, cada amor como o último e cada palavra como a mais importante, para o bem e para o mal.
Estou nadando entre as palavras. É assim que me sinto. Tomando aquele banho de mar. A água bastante fria me faz titubear, mas, logo que acostumo com a sua temperatura, não tenho vontade de deixar toda aquela imensidão. Dias de correnteza forte, outros não. Tenho vontade de ficar aqui pra sempre. O sol se põe e preciso sair. Curto um pouco mais do fim do dia na areia. Por hoje preciso ir. Chega ao fim mais um dia.
"The movement you need is on your shoulder".
Hey Jude - Sim, mais uma vez. E será assim sempre que eu quiser. Quem manda aqui? M.
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