04/03/2008

"Percebi que não escaparia as minhas lembranças; elas me cercavam".
A Brincadeira - Milan Kundera.


Sentado naquela mesa fiquei sem me mexer por alguns minutos. Talvez apenas alguns segundos. Estava ali, pensando sobre aquilo mesmo, mas ao mesmo tempo precisava fugir. Não estava bem. Não tinha o que falar. Não queria ouvir aquele papo. Saí de lá pensando em como as pessoas continuam iguais. Eu exigo demais das pessoas. Exigo demais do mundo. De mim e de tudo. Eles são ótimos! Mas parecem ignorar que existe vida além daquilo. E aquilo me sufoca. Preciso de oxigênio e pensei que ali conseguiria respirar. E todo mundo ficou meio chato de repente. Senti-me um velho. Talvez eu tenha mudado muito. Receio em falar isso pois pode soar um pouco arrogante, mas é isso mesmo: eu mudei muito nos últimos anos. Eles não. Gosto deles ainda assim. Mas tenho medo que tudo isso, ou melhor, tudo o que vivemos até hoje, não seja mais tudo o que ainda viveremos.

Hoje o dia não prometia fortes emoções. Mas Copa do Mundo é assim: "não tem jogo fácil não, amigo". E todo dia é dia de Copa do Mundo. Curriola não planejada armada, amigos em volta da mesa. Comida, bebida... É bom estar com eles. Ficar bêbado sem beber. Comer carne e me entupir de refrigerante quando tinha me tornei vegetariano. Dia feliz com pessoas que eu queria estar perto sempre. Com eles me sinto mais leve. Não que eu reclame menos. Mas tudo vira motivo pra piada. Nossos fracassos, nossas escolhas e principalmente a vida dos outros. Sem pudor ou palavras não ditas. Sem se preocupar com o que vão achar. Ali estavamos felizes por termos a compania um do outro.

Tenho pensado muito sobre as amizades. Sinto falta de muita gente que se foi. Sofro um pouquinho (mentira. sofro absurdamente) por quem vai caminhando e me esquece.

Decidi sorrir. Ficar feliz ao me lembrar de quem não está mais comigo. Mas, sobretudo, sorrir com quem ainda caminha comigo. É bom tê-los comigo. Sou uma pessoa melhor pelos meus amigos.

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