09/03/2008

O divã ou a arte de ser otimista

Escrever para exercitar. Escrever para refletir. Quantas vezes já fui acusado de estar deprimido por gente que não sabe nada de mim? Algumas. E eu disse:

- Estou bem. São algumas coisas que penso, com um certo exagero, talvez. São situações que passo, ou não. Palavras, mas não apenas palavras. São as minhas palavras.

E a pessoa insistiu:

- Você precisa de ajuda!

O tom era apocalíptico.

Diante dos fatos tentei ser um pouco mais claro e objetivo.

- Porra, eu não estou deprimido. Muito menos triste! Estou feliz! Que merda! Deixe-me ficar feliz em paz!

Isso aconteceu há algum tempo. Alguns meses, talvez. Também não fui tão claro e objetivo assim. Deveria ter sido? Mas se ainda penso nisso está na hora de exorcizar.

- Não enche o saco! Se eu estiver triste, ou deprimido, como você gosta de falar, não seria pra você, que nunca me procura pra saber como estou, que vou falar.

Poderia ter dito isso. Mas nunca penso em respostas como essa em situações como aquelas. Que merda! Demoro muito pra pensar. Preciso de um tempo... Droga!

Tem sido muito bom escrever. Todo dia penso em alguma coisa que gostaria de pensar um pouquinho mais, sentar-me com calma, ao som de uma música e deixar me levar pela maré. Mas nem sempre dá. Às vezes, escrevo mentalmente. Um livro inteiro! É claro que no dia seguinte não sobra nem farelo do que poderia ser uma obra prima. Minha obra prima. Obra irmã! (êh tosqueira!).

Refletir e traduzir em palavras essa baboseira toda... Pensar em tudo isso... só me dói não ter começando antes.

(É uma merda entrar nessa de "poderia ter feito isso antes!" ou "porque não fiz isso antes?". Sim, eu penso assim algumas vezes. Acho esse papo de que fiz tudo que senti vontade uma besteira. Olha o nariz crescendo. Eu até queria ter feito tudo que senti vontade. O problema não é esse, entende? O problema é não ter feito um coisa que não senti vontade, mas que hoje eu sinto que deveria ter sentido vontade de ter feito antes porque assim eu estaria mais feliz a mais tempo. Ufa!)

Agora tudo faz um pouquinho mais de sentido, por mais que esse mais não seja tão mais assim. A minha direção. Torta. Escalafobética. Não importa! Minha.

Não falo das coisas que escrevo para o blog. Não só. São também coisas que ficam na gaveta. Não na gaveta da escrivaninha, mas aprisionados no computador. Textos do M.. Minha pasta. Só eu tenho acesso. Gosto de ler o que escrevi. Gosto de ver que agora posso fazer melhor. E amanhã? Não quero pensar.

Bom nisso tudo é pensar o quanto tenho economizado. Se escrevo não preciso pagar análise.

(Tudo bem que eu nunca paguei umazinha que fosse)

Logo, sobra mais dinheiro.

(Mentira)

Com mais dinheiro posso ir mais ao cinema.

(Verdade. Pra isso sempre dou um jeito)

Indo mais no cinema fico mais vezes feliz. Escrever também me deixa feliz.

(Duplamente feliz)

Ver os amigos...

(Triplamente feliz)

Estudar o que já deveria ter estudado me deixa mais feliz ainda. Comer pouco e não sentir fome ou ficar mau humorado nem bater em ninguém por isso. Ponto! Família. Livros. Músicas... "Aceeee!!!"

(óctuplamente - !? - feliz)

Escrever me deixa assim. É "o segredo". Pelo menos o meu. Agora não mais.

(Linguarudo).

3 comentários:

Varda disse...

Nossa,e vc escreve bem!!
Uauu,adorei seu texto *-*
Quando crescer quero escrever assim =D

=**

CrisEbecken disse...

Eita revelação! AMEI!!!

[P] disse...

Misterioso M, adorei o tom bem-humorado do texto. Escrever me faz um bem danado. E também é comum as pessoas aparecerem, solícitas, preocupadas [e até desesperadas] quando esbarram num texto que lhes parece triste. A diferença é que eu vou respondendo na hora, sabe? Você precisa aprender a fazer isso... é, digamos, libertador :)

=*