
Todos aqui são um pouco pinóquios. Na verdade, não posso afirmar isso. O incomodo dessa vez é minha postura e meu nariz com alguns centímetros a mais.
Mergulhei naquilo com respirador, pé de pato e tudo mais que se usa para mergulhar. Só que agora querem arrancar meu galão de oxigênio e sem ele eu não consigo respirar nesse lugar. Geralmente, quando mergulho, não me incomodo de perder o ar. Não respiramos só com oxigênio. Procuro outras alternativas, mas, nesse caso, só o bom e velho O2 para me manter vivo. Esse mergulho é meio tímido. Talvez por isso precise do oxigênio.
Não queria conhecer esse mar, mas as circunstâncias me obrigaram (leia-se me levaram até ele). Não sou vítima dos pescadores de mergulhadores-cabeças-de-vento. Talvez vítima das circunstâncias (malditas!), esse monstro cruel e impiedoso causador das gastrites e dos corações acelerados.
Queria contar a alguém sobre como é escuro esse mar. Contar como ele é insosso. Aqui, todos pertencem a vila, todos são pescadores. Alguns desejam ir embora, mas não podem. E assim prejudicam a fuga dos outros. É uma engrenagem cruel, pelo menos para quem não sabe jogar o seu jogo. Todos eles poderiam fundar uma Companhia de Atores. São bons nisso!
Agora não sei qual deve ser o próximo passo. Ou melhor, a próxima braçada. Queria chutar a circunstâncias no meio da cara, pegar um bote azul e fugir. Mas não vou fazer isso. Aqui é ruim. Tenho medo de piorar fora desse mar. O sol por essas bandas anda muito forte.
Talvez consiga caminhar pro azul, sim. Mexer com a água, pegar carona na onda (ou se preferirem, jacaré) e ir até a areia. Lá é quente e eu não tenho protetor solar. Mas tudo bem. Com o que sobrar tomo uma água de coco.
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