15/04/2008

Insônia

O dia exalava suas lágrimas após a noite em que adormeceu só. Não poderia ser diferente. O sol, elegante em sua grandeza, soube o momento exato de se recolher. Os deuses respeitaram seu momento. Perceberam que seria de extrema indelicadeza não apagar as luzes com a neblina. Talvez ele não suportasse o contrário.

Reviraram suas gavetas e mexeram em coisas escondidas. Ocultou tudo aquilo não apenas do mundo, que também não mostrava preocupação com o que guardava naquelas caixas de madeira pesadas e envelhecidas pela inelutável ação de Cronos, mas de si mesmo. Agora cada lembrança estava disposta sobre a cama, junto ao lençol desarrumado da noite mal dormida. O caos se instalou em seu quarto e não tinha forças pra arrumar tudo nas gavetas novamente.

Há tanto tempo as coisas estavam guardadas que não sabia mais onde as colocar. São pertences com que conviverá até o fim. Entretanto, uma vez revirados, não voltam pra ordem anterior. Temia por tudo aquilo.

Optou por ocupar o espaço vazio no canto da cama. Não era suficiente para seu conforto, mas era o que podia fazer nesse momento. Precisaria ficar relativamente encolhido, mas talvez fosse melhor ficar assim, em dias que amanhecem chorando.

2 comentários:

N. disse...

quero criar um blog!

Anônimo disse...

voce esta muito poetico...rs