Onde encontro o cheiro que deixou na minha pele? No mercado não há nada parecido. Já não contaminas meu apartamento desarrumado. Quando bateu a porta, levou muito mais do que seu perfume. Muito além do que poderia prever. Querias me ferir, sabemos disso. Suba no pódio, parabéns! Mas pegue sua medalha e volte logo. Traga as flores que te deram como prêmio. Podemos colocá-las no jarro desocupado. Um dia eu troco a água. No outro é a sua vez. Já não posso suportar mais a falta do seu cheiro. Temos contas a pagar e sozinho não poderei ir ao banco. Não posso arriscar encontrar um outro sorriso numa fila qualquer. Danem-se os outros sorrisos! Falo de cheiros, odores, perfumes, flores que você deixou. Nunca tive um faro muito apurado. Mas foi só te conhecer pra saber. Pegue sua medalha e coloque-a em nossa estante. Sobreviverei a isso. Só não posso mais respirar sem sentir sua pele me tocando. Traga sua medalha! Comemoramos juntos. Beberemos o que sobrou do vinho que manchou nosso sofá. Podemos rir disso, sei que conseguiremos. Contaremos aos nossos amigos desse dia e ocultaremos detalhes que serão nossos segredos. Se preferir, coloque sua medalha no meu pescoço. Faça-me seu prêmio supremo. Grave nela suas iniciais. Tudo como ordenar. Não me prive do seu perfume, não me castigues com tanto peso. Um dia derreteremos sua medalha e só te restará meu pescoço. Esse, para sempre será seu.
3 comentários:
Gente essa mente que escreveu tudo isso é meu primo... tem orgulho maior??? Amo mto tudo isso!!!
Que lindo!
Enquanto lia a parte de medalha e pescoço, imaginava que o desfecho poderia ser algo do tipo pescoço sem medalha [com um toque mais ousado, talvez com "segundas intenções" nas palavras mas, em suma, haveria um pescoço sem medalha], do jeito que você fez também.
Gostei...
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