22/07/2008

sempre pensei sobre a solidariedade dos estranhos...

um "olá, como vai?" seguido de um sorriso muitas vezes já salvou meu dia. ou um tapinha nas costas após um pisão nos pés e uma mochilada nas costas no ônibus cheio (na verdade, lotado). e todo meu desastradamento latente, a todo momento, em todas as esquinas e nenhum comprometimento com nada.

foi só chegar aqui pra uma semana de paz se diluir. já cantaram essa letra: "tudo que é sólido desmancha no ar". aquilo não era sólido e era bom. era um não existir, um ser todo mundo e ninguém ao mesmo tempo que me salvou. procuro todos os dias coisas para me salvar e no meio disso tudo são os estranhos com quem mais posso contar.

é estranho ter de batalhar por um lugar que é seu, mas depois de um tempo é como se não fosse mais. onde estão minhas coisas? cadê meu quarto, meu computador, meus filmes, livros. e o lugar no sofá onde gosto de ficar, enquanto a tv me assiste e o jornal aguarda ser lido, por dias na fila de epsera, até que seu destino é cumprido. usaria para forrar gaiolas de passarinhos, se os tivesse, mas sou a favor da liberdade, mesmo a dos periquitos, que um dia me disseram ser a espécie adequada para as gaiolas (não posso acreditar nisso, não mesmo).

elevador não chega, fila do banco não anda, sinal não abre, ônibus não pára, trabalho não acaba, computador não faz tudo sozinho, internet não funciona, família gritando, amigos convidando (não, eu não posso sair nunca mais até o final de setembro, tá combinado? não me convidem para nada porque eu vou aceitar. não me ofereçam trabalho porque eu preciso de dinheiro e vou dar um jeito de trabalhar)

e agora aceitei trabalhar de graça. mais uma vez. esperava por isso, mas não agora. logo agora, que preciso me virar. já aceitei, caso interesse saber. não sei onde dormirei, se for o caso, mas levo minha mochila, um biscoito passatempo e um todynho. nada mais. nada além. ah, sim, claro! levo tudo que tenho para entregar, viverei como posso, no máximo, somente com o pé no acelerador. e se o sinal fechar eu levo multa. posso subornar o guarda também.

queria contar-lhes sobre as coisas belas que vi, os amigos que abracei, os estranhos que me fizeram acreditar nisso tudo, falar sobre a energia (esse papo é sério), ou como não viver (aprendi isso também)... mas hoje não. se minha conexão ajudar volto mais tarde, meus caros três leitores, se é que ainda estão por aí, após o tempo do divórcio disso aqui. vamos rezar ao santinho protetor das boas conexões... amém!

7 comentários:

Anônimo disse...

Vc foi pro ENEH? Que papo de maconheiro. Bebeu? Fumou? Começou a usar drogas e abriu as portas da percepção?

D.P.

m. disse...

Sim, fui pro ENEH. As outras respostas você já tem, D.P.

Anônimo disse...

Hummm... nossa, recordei dos muitos trabalhos que realizei de graça. De alguns me arrependo, de outros não... Não é conselho, pq não sou padre, mas sempre que for possível "reconsidere".

Espero que um dia tenha saco para contar como foi lá... ou não, certo que só contará quando quiser mesmo...rsrs. Talvez nem nos encontremos novamente...

Hoje é tudo tão dinâmico. A Vida tem pressa. Bom saber que existem dias verdes depois de dias cinzas.

A Foto ficou boa, muito boa...

m. disse...

Quem fala é B.?

Vamos nos ver sim, tenha fé!

carolina disse...

caraca mané

Anônimo disse...

Se eu digo quem sou, continuará a ler o que escrevo?

m. disse...

Não prometo nada.