"dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos" josé saramago
21/09/2008
Às vezes olho algumas fotos e, com calma, tento perceber cada detalhe delas. Acontece que por mais atenção que eu tenha não consigo entender meu sorriso congelado naquele pedaço de papel. Simplesmente não me reconheço em alguns lugares, ao lado de algumas pessoas, que simplesmente fazem parte da minha vida desde sempre. Por um tempo eu pensei que já havia superado isso, mas hoje, olhando todas aquelas fotos... talvez não. Pode ser que eu não precise mesmo superar nada, talvez seja bobagem da minha cabeça pensar dessa forma. Não é. Definitivamente eu não deveria estar ali. Ou pelo menos aquele espaço não me cabe, não com tudo que eu carrego comigo, porque às vezes eu sinto que ali eu preciso ser menos. Lembro de um dia em que me senti tão mal entre eles que simplesmente fiquei a noite inteira parado, como estou nas fotografias. Mas não se tratava de uma imagem fotográfica. Eu estava ali, com todos eles, e felizmente chegou o momento em que pude partir, não sem antes desajeitadamente quebrar um copo. Ápice do meu desconforto? Acho que sim. O fato é que após dois anos sem pensar nisso, ou melhor, após dois anos em que eu pensava ter superado esse grilo, digamos, quando achei que definitivamente colocaria a pedra no cume da montanha, novamente ela rolou, assim como acontece com Sísifo. Só que não sou como Sísifo, não estou condenado a nada. Apenas preciso decidir se rolo a pedra pela montanha acima novamente ou se despeço-me dela.
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Um comentário:
são os anos. caprichosos que riscam a nossa cara e fazem não nos reconhecer no retrato estático de outrora. eu gosto de imaginar que há naquela imobilidade toda algum movimento... acho até que as pessoas se movimentam dentro das fotografias! quando não estamos olhando pra elas...
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